Realiziou-se em Berlim, Alemanha, nos dias 11 e 12 de junho de 2014, a 5ª edição do Fórum Internacional sobre Migração e Paz, organizado pelo SIMI (Scalabrini International Migration Network) em conjunto com Konrad Adenauer Stiftung. O evento reuniu representantes de várias instituições e entidades da sociedade civil, de autoridades governamentais de diversos países, estudiosos do tema e da causa dos migrantes, agentes que trabalham no campo das migrações, com destaque para os três ramos da Família Scalabriniana (padres irmãs e missionárias seculares). Os debates do Fórum giraram em torno da temática da integração, em vista de uma coexistência pacífica e democrática no contexto da economia globalizada e do pluralismo crescente.
Tornou-se evidente, desde o início, que a convivência democrática entre pessoas, línguas, povos e nações distintas não pode ser dada por descontada. Exinge, antes, uma tarefa árdua e conjunta, laboriosa e prolongada, tanto do ponto de vista dos próprios imigrantes quanto das comunidades que os acolhem. Regiões e países de origem, trânsito e destino são interpelados à formação de uma rede de apoio permanente, onde jogam um papel relevante a acolhida e a assistência social, política, jurídica e cultural, por um lado, e o empenho na busca de leis de imigração menos rígidas e discriminatórias, por outro. Atenção ao migrante e incidência sobre as políticas migratórias constituem duas faces da mesma moeda.
Igualmente evidente é o desafio de construir uma verdadeira prática democrática num “terreno heterogêneo”, como é o campo da mobilidade humana, cada vez mais pluriétnico e multicultural. De fato, a democracias tradicionais muitas vezes têm como base uma certa homogeneidade linguística, territorial, histórica e cultural. Hoje em dia esse “paraíso perdido” desfaz-se progressivamente, sem qualquer possibilidade de retorno ao saudosismo. No lugar disso, levanta-se a tarefa bem mais empenhativa de uma democracia plural em todos os seus aspectos. Em lugar de muros de separação, trata-se de erguer pontes de integração num universo heterogêneo, polifônico e polossêmico. Aliás, é o que se lê na obra A Inclusão do outro, do filósofo alemão Jurgen Habermas.
E aqui, como lembra a Instrução Erga Migrantes Caritas Christi, do Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, “não basta a tolerância ou a justaposição mais ou menos pacífica de pessoas, grupos e povos diferentes”. Impõe-se um salto qualitativo que, ao multiculturalismo de água e azeite no mesmo recepiente, sobrepõe o interculturalismo. Este, mais do que admitir, suportar e tolerar a presença do “outro, estrangeiro e diferente”, requer capacidade de escuta, comprensão, abertura e simpatia. Tudo isso abre o caminho para o encontro, o confronto e o diálogo entre os valores de cada tradição cultural.
De um ponto de vista evangélico, somos convidados a ir além de uma simples admiração ou de uma integração meramente folclórica diante dos costumes e tradições diferentes. De fato, como lembra a Doutrina Social da Igreja, “no coração de cada pessoa humana e no coração de cada cultura existem sementes do Verbo Encarnado”. Quem se desloca pelas estradas do êxodo, a exemplo das aves e do vento, leva consigo tais sementes, destinadas a fecundar o novo terreno onde replanta as próprias raízes. Aqui estamos diante do lado positivo da migração. Se é verdade que os migrantes seguem sendo vítimas da pobreza, da violência, dos conflitos armados, do tráfico e da exploração, também é certo que, em seus encontros e reencontros, contribuem para o enriquecimento do patrimônio cultural, através da um processo contínuo de depuração e purificação da própria identidade.
Na linha do Documento de Aparecida, podemos cncluir que os migrantes, refugiados, itinerantes, etc., sem deixar de ser aves feridas pelos duros golpes dos deslocamentos compulsórios, podem ser igualmente protagonistas e profetas de uma sociedade mais plural, pacífica e democrática. Silmualtanemanete causa e efeito de mudanças profundas na história das pessoas, dos povos e de toda a humanidade.
Berlim, Alemanha, 13 de junho de 2014
Tornou-se evidente, desde o início, que a convivência democrática entre pessoas, línguas, povos e nações distintas não pode ser dada por descontada. Exinge, antes, uma tarefa árdua e conjunta, laboriosa e prolongada, tanto do ponto de vista dos próprios imigrantes quanto das comunidades que os acolhem. Regiões e países de origem, trânsito e destino são interpelados à formação de uma rede de apoio permanente, onde jogam um papel relevante a acolhida e a assistência social, política, jurídica e cultural, por um lado, e o empenho na busca de leis de imigração menos rígidas e discriminatórias, por outro. Atenção ao migrante e incidência sobre as políticas migratórias constituem duas faces da mesma moeda.
Igualmente evidente é o desafio de construir uma verdadeira prática democrática num “terreno heterogêneo”, como é o campo da mobilidade humana, cada vez mais pluriétnico e multicultural. De fato, a democracias tradicionais muitas vezes têm como base uma certa homogeneidade linguística, territorial, histórica e cultural. Hoje em dia esse “paraíso perdido” desfaz-se progressivamente, sem qualquer possibilidade de retorno ao saudosismo. No lugar disso, levanta-se a tarefa bem mais empenhativa de uma democracia plural em todos os seus aspectos. Em lugar de muros de separação, trata-se de erguer pontes de integração num universo heterogêneo, polifônico e polossêmico. Aliás, é o que se lê na obra A Inclusão do outro, do filósofo alemão Jurgen Habermas.
E aqui, como lembra a Instrução Erga Migrantes Caritas Christi, do Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, “não basta a tolerância ou a justaposição mais ou menos pacífica de pessoas, grupos e povos diferentes”. Impõe-se um salto qualitativo que, ao multiculturalismo de água e azeite no mesmo recepiente, sobrepõe o interculturalismo. Este, mais do que admitir, suportar e tolerar a presença do “outro, estrangeiro e diferente”, requer capacidade de escuta, comprensão, abertura e simpatia. Tudo isso abre o caminho para o encontro, o confronto e o diálogo entre os valores de cada tradição cultural.
De um ponto de vista evangélico, somos convidados a ir além de uma simples admiração ou de uma integração meramente folclórica diante dos costumes e tradições diferentes. De fato, como lembra a Doutrina Social da Igreja, “no coração de cada pessoa humana e no coração de cada cultura existem sementes do Verbo Encarnado”. Quem se desloca pelas estradas do êxodo, a exemplo das aves e do vento, leva consigo tais sementes, destinadas a fecundar o novo terreno onde replanta as próprias raízes. Aqui estamos diante do lado positivo da migração. Se é verdade que os migrantes seguem sendo vítimas da pobreza, da violência, dos conflitos armados, do tráfico e da exploração, também é certo que, em seus encontros e reencontros, contribuem para o enriquecimento do patrimônio cultural, através da um processo contínuo de depuração e purificação da própria identidade.
Na linha do Documento de Aparecida, podemos cncluir que os migrantes, refugiados, itinerantes, etc., sem deixar de ser aves feridas pelos duros golpes dos deslocamentos compulsórios, podem ser igualmente protagonistas e profetas de uma sociedade mais plural, pacífica e democrática. Silmualtanemanete causa e efeito de mudanças profundas na história das pessoas, dos povos e de toda a humanidade.
Berlim, Alemanha, 13 de junho de 2014